Preciso citar alguns exemplos:
Estamos em dificuldade financeira: meu Deus é dono do ouro e da prata.
Padecemos com alguma enfermidade: Meu Deus é o médico dos médicos.
Bate à porta a decepção com algo ou alguém: Deus me colocará acima de meus inimigos/perseguidores e me dará livramentos.
Surge mais um desafio pela frente: Eu tudo posso naquele que me fortalece.
Sim, eu sei que Deus é poderoso e longe de mim sugerir que não seja. Acredito que Ele seja capaz de efetuar qualquer coisa, qualquer coisa mesmo! Também não ouso afirmar que acreditar que Ele possa ajudar pessoas a resolver seus problemas não seja um expediente válido, afinal, eu estaria sendo incoerente com o meu próprio comportamento em muitas situações quando precisei recorrer à ajuda divina.
Por outro lado, tenho que ser honesto com vocês e confessar que me aflige muito perceber que pessoas, no tocante aos seus problemas e dificuldades, de qualquer ordem, acabam fazendo da providencia Divina uma espécie de muletas existenciais, iniciando a partir daí um processo de crença que condiciona seus passos a idéia de que Deus, sendo o todo Poderoso, sempre mexerá os pauzinhos a favor delas.
Explico minha aflição pois vivi pessoalmente o martírio de tentar utilizar-me destas tais muletas. Em dado momento de minha caminhada com Deus passei a questioná-lo quando algumas de suas providencias acabaram não chegando no tempo que eu imaginava ser o adequado para minhas necessidades. Passei desta forma a procurar erros em mim que poderiam estar impedindo Deus de me ajudar. Encontrei em minha auto-análise inúmeros erros/pecados e pedir perdão passou a ser rotina em meus dias.
Percebi que desde então passei a ficar mais leve e em paz com Deus, mas as providencias continuaram a não chegar da forma que eu havia determinado e como isso para mim era prioridade coloquei Deus na parede: Se o motivo para não me abençoar não são apenas os meus pecados, qual seria então? Por que, afinal, suas mãos continuam encolhidas ao meu respeito?
Não veio resposta, e resolvi não desistir, pelo contrario, arrazoei em meu coração que o problema poderia estar com o tamanho de minha fé. Mas como quantificar ou aferir o tamanho de minha fé? Disse pra mim mesmo: certamente ela é muito menor que um grão de mostarda!
Continuei buscando explicações e inúmeros irmãos de fé sugeriram passos “infalíveis” para que eu alcançasse as bênçãos. Versículos, livros de auto-ajuda, palestras motivacionais, acampamentos e retiros espirituais, etc. Com afinco li todos os versículos que falavam de triunfos, devorei livros cristãos de auto-ajuda e fui em inúmeras palestras e retiros possíveis. Consegui alguns avanços, mas os espinhos logo os sufocaram.
Entrei assim lentamente em crise religiosa e percebi que ela era grande na medida em que eu comecei a questionar o todo poderoso não só sobre minhas causas, más também sobre as causas dos outros. Quantas tragédias pelo mundo, quanto sofrimento imposto a pessoas de boa índole, quanta desigualdade, quanta indiferença, quanta corrupção, quantas igrejas, quantos milagres falsos, quanta pressão (...). Minha angústia só aumentava e eu não encontrava resposta em lugar algum. Meu vazio existencial era enorme, do tamanho, quem sabe, de minha incapacidade em reconhecer quão pequeno sou diante de Deus, o todo poderoso. Talvez eu tivesse aprendido a questionar Deus, mas havia me esquecido que o que sabemos é do tamanho de uma gota e o que não sabemos é proporcional a um oceano. As coisas começaram a ficar mais claras a partir daí.
Este lampejo de resignação me abriu os olhos e pude então, através de estudos mais abrangentes da bíblia sagrada, me deparar, entre outros exemplos, com Jesus, o todo poderoso, se esvaziando perante Deus Pai de suas prerrogativas celestiais (por exemplo a de ter sob seus domínios todo poder existente no universo) para de uma forma simples e amorosa se dar integralmente na cruz, ressalta-se por mim e por vocês. E eu que um dia exigi muletas para prosseguir. Quanto constrangimento em minha alma!
Ps: Propositadamente deixo o texto acima sem uma conclusão mais abrangente, mais específica para um reencontro de rumos. Não por me faltarem argumentos para que acreditem que o Senhor se faz necessário em qualquer circunstancia de nossas vidas, mas sim para deixá-los a vontade para fazerem das referencias bíblicas abaixo a base para suas próprias conclusões sobre o poder de Deus e o poder que queremos de Deus.
Boa Leitura de Filipenses Capítulo 2, Mateus 25 v. 53 e Apocalipse 5. vs 5 e 6.
Junior Cast