segunda-feira, 7 de março de 2011

O choro de um anjo

O dia havia amanhecido frio. Era sete de setembro,  feriado da independência em meu País.  Como de costume, em dias livres do trabalho comum, lá estava eu procurando alguma coisa para fazer, de preferência algo que a meu ver pudesse agradar a Deus.  Logo pensei em  chamar alguns irmãos de fé para doarmos uma cesta básica para alguma família carente que algum de nós conhecesse.


Rapidamente um amigo indicou uma casa onde mãe e filho viviam em condições bastante precárias. Para se ter uma idéia eles  moravam em apenas um cômado apertado e como se não bastassem as dificuldades financeiras e de espaço, o menino, de aproximadamente seis anos,  trazia espalhadas pelo corpo feridas causadas por uma grave enfermidade chamada epidermolise bolhosa.

Não conseguiria descrever facilmente o tamanho do sofrimento daquele “anjo”, mas certamente as dores provocadas por  todas aquelas feridas eram muito maiores do que qualquer dor que eu já havia sentido em toda a minha vida. Passado o impacto inicial, entregamos a cesta básica e cantamos uma música cristã que falava de cura, tudo sob o olhar atento do menino. Em seguida pedimos àquela mãe permissão para ministrarmos  uma breve oração por eles. Feita a concessão, começamos a orar de mãos dadas e o ambiente ficou carregado de emoção - de repente percebemos que ao ver a mãe em lágrimas o garoto também iniciou um choro que fez abrir  muitas feridas, desta vez no coração de todos que estavam presentes.

Confesso que ao final da oração, emocionado, tornei a fechar meus olhos e em silêncio comecei a "determinar" que Deus o curasse de forma instantânea daquela doença. Eu não entendia como um menino sem pecados podia carregar consigo tanto sofrimento e afinal de contas eu cria piamente naquele versículo da bíblia que diz que tudo o que pedimos a Deus, crendo, nos é concedido. Abri meus olhos e nada havia mudado em relação as feridas. Foi quando aquela mãe se dirigiu a nós e começou a falar algo que marcou a minha vida:


_ Sabe meus irmãos, eu preciso dizer a vocês que antes de meu filho nascer eu não queria saber de Jesus, ouvia falar Dele desde pequena, pois nasci em lar cristão, mas nunca quis compromisso, aliás, eu detestava ir à Igreja. Vivia desprezando a voz de Cristo que me chamava para uma vida reta e calcada em sua palavra. Mesmo sabendo no íntimo do meu coração que Ele queria me salvar preferi permanecer à sorte do mundo.

[pausa ensurdecedora]

_ Então aconteceu a gravidez, o abandono do meu namorado e em seguida os problemas de saúde do meu filho. Reconheço que no início foi bastante difícil, não que hoje não seja, mas eu estava longe do amor de Deus e isso tornava tudo pesado demais.

_ Foi quando alguém veio, me estendeu a mão  e me anunciou novamente que Jesus continuava me amando independentemente das incontáveis vezes que eu o havia rejeitado.

_ Ao recebê-lo como Salvador, inexplicavelmente meu coração foi invadido de uma paz grandiosa, que até hoje não tem me deixado desamparada. Aprendi a amar a Deus de todo meu coração e ao meu filho como se fosse o melhor filho do mundo, aliás, ele é o melhor filho do mundo!

Finalizou:

- Consegui acima de tudo entender que os problemas que tornam as nossas vidas difíceis são os obstáculos que precisam ser superados com a ajuda do incondicional amor de Deus, assim o alcance do alvo supremo, que é a Salvação de nossas almas, tornar-se-á mais suave.

Ao final, lágrimas nos olhos de todos e o sussurro baixinho do garoto dizendo: Amém!

Deus abençoe!


Junior Cast


Obs:

Essa visita aconteceu há cerca de cinco anos em um bairro da periferia de Diadema - SP. Após outras duas ou três visitas perdi contato com a família que era apoiada na época por uma Igreja das imediações. O nome do menino é Matheus, que hoje deve estar com 11 ou 12 anos.

Nenhum comentário: